Implantação

Formação de mudas

O preparo de mudas de guaraná pode ser feito por semente e por parte vegetativa. A propagação vegetativa pode ser realizada por enraizamento de estacas herbáceas. A formação de mudas por sementes compreende 3 etapas: seleção de plantas matrizes, germinador e viveiro.

As plantas matrizes devem ter boa produtividade, cachos e frutos grandes, maturação uniforme, boa formação do cacho, precocidade de produção e bom aspecto fitossanitário. As sementes das plantas matrizes devem ser colhidas de cachos com frutos maduros e abertos. Em seguida, devem ser lavadas e selecionadas no mesmo dia, porque perdem o poder germinativo em 72 horas. Na seleção, eliminam-se as sementes de coloração verde e marrom, aproveitando-se apenas as de coloração preta escura. 

O germinador é feito de um leito de areia onde as sementes de guaraná vão germinar. Deve ser localizado dentro do viveiro para facilitar o transplante das mudas e os tratos culturais. Após a semeadura faz-se outra cobertura do germinador com palha de dendê entre 20 e 30 cm de altura do leito para garantir maior proteção solar na fase inicial. Nos períodos secos fazer regas diárias.

O terreno para localização do viveiro deve ser plano, bem drenado e não sujeito a encharcamento. O substrato para enchimento dos sacos deve ser composto por uma mistura de três partes de terra de boa qualidade, uma parte de areia e uma parte de esterco curtido. Recomenda-se os sacos de polietileno de cor preta com dimensões de 24 cm de altura por 12 cm de diâmetro e 8 mm de espessura. Os sacos de polietileno são arrumados em canteiros com largura máxima de 1,20 m e comprimento variável. A repicagem das plântulas do germinador para os sacos plásticos deve ser realizada quando as plântulas estiverem com 2 folhas e aproximadamente 10 cm de altura.

Os tratos culturais no viveiro como a irrigação deve ser realizada de acordo com as condições climáticas.

Antes do plantio no campo a aclimatação das mudas deve ser realizada, seguida da seleção, escolhendo-se as plantas mais vigorosas, com 9 a 11 folhas simples e pelo menos uma folha composta.

Fonte:  COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA. CENTRO DE EXTENSÃO. 2009. Guaranazeiro, microrregião - Valença: versão atualizada da Série Sistema de Produção, n. 1. Ilhéus, Ceplac/Cenex. Série Sistema de Produção, n. 12.

Foto: Internet.

Plantio

O plantio do guaranazeiro deve ser feito no período de março a agosto, aproveitando os dias chuvosos.

Após o balizamento, faz-se a limpeza da área em faixas, sem a necessidade da pratica de queima.

Os espaçamentos mais utilizados são 4 x 4 m; 4,5 x 4,5 m; 5 x 4 m e 5 x 5 m. As covas devem ser abertas nas dimensões de 40 x 40 x 40 cm. 

O terriço de enchimento das covas deve receber esterco na quantidade de 10 litros por cova ou 2 kg de casca de guaraná decomposta e 200 g de superfosfato simples ou 500 g de fosfato natural. As covas são fechadas com a mistura acima e trinta dias após, realiza-se o plantio das mudas.

O sombreamento da muda no campo pode ser dispensado se a muda foi aclimatada ao sol no viveiro. Caso contrário, após o plantio, cobre-se as mudas com folhas de palmeiras entrecruzadas, usando-se 3 pedaços (1 para nascente e 2 para o poente) de 1 m de altura, amarrando-se as pontas (Fig. 1). Pode-se plantar a mandioca, três meses antes, nas entrelinhas, com a mesma finalidade, sendo que, a partir do sexto mês do plantio, inicia-se o raleamento da cobertura.

Fonte: COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA. CENTRO DE EXTENSÃO. 2009. Guaranazeiro, microrregião - Valença: versão atualizada da Série Sistema de Produção, n. 1. Ilhéus, Ceplac/Cenex. Série Sistema de Produção, n. 12.

Fig. 1. Sombreamento de muda guaranazeiro no campo (foto: Adailton Matos).

Tratos Culturais

Controle de plantas invasoras 

O controle de ervas daninhas é realizado por meio de capinas, raçadas (com roçadeiras motorizada), ou capina química - aplicação de herbicidas à base de Glifosato.

Essa prática é grande importância, pois evita que cultura entre em competição com as plantas invasoras por alimento.

Foto: Adailton Matos

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Mudas recém-plantadas

As mudas de guaraná recém-plantadas devem ser mantidas livres do mato. Devem ser feitas três roçagens e dois coroamentos, anualmente, até o terceiro ano.

O coroamento deve ser feito em círculo a um raio de 0,40m a 0,80m no primeiro ano, de 1,0m no segundo ano, de 1,50m no terceiro ano e na projeção da copa da planta nos anos subsequentes. Esta pratica objetiva apenas a aplicação de fertilizantes.

Nos anos iniciais, utilizar restos de cultivos anuais e de vegetação nativa da roçagem como cobertura morta, para garantir a umidade do solo e evitar a incidência de ervas daninhas.

Fonte: Ceplac.

Foto: Adailton Matos.

Poda 

A poda de formação é realizada nos três anos iniciais. Como o guaranazeiro emite lançamentos em toda a extensão do caule, devem ser mantidas apenas 3 a 4 ramificações secundárias, a partir da altura de 20 a 30 cm do solo. O caule principal deve ter seu broto terminal podado a 1,70 m de altura, a fim de formar uma copa mais densa e evitar o tombamento.

Nas plantações safreiras, após a colheita (safra), faz-se a poda de limpeza, eliminando os ramos secos, quebrados, doentes e que estejam arrastando ao solo. Nos ramos que produziram no ano anterior será feita a poda de encurtamento (frutificação), cortando aproximadamente 1/3 do ramo. A poda estimula a brotação de ramos laterais que irão produzir no ano seguinte.

Fonte: Ceplac

Foto: Adailton Matos 

Nutrição

Adubação

O guaranazeiro é uma planta perene que produz frutos em ramos emitidos no ano agrícola, o que faz com que a planta acumule anualmente grande volume de copa. Em adição, por época do florescimento, parte significativa dos nutrientes é exportada via flores masculinas que senescem precocemente. Na colheita, são retirados cachos e frutos das áreas de cultivo, os quais são levados para o local de beneficiamento, não retornando, portanto, ao local de cultivo, o que contribui sobremaneira para maior exportação de nutrientes

A combinação desses fatores exaure o solo, prejudicando o crescimento estrutural das plantas e resultando em menor emissão de ramos, com subseqüente redução da produção nas safras seguintes.

Estudos realizados na Embrapa Amazônia Ocidental têm demonstrado que o guaranazeiro responde prontamente à adubação nitrogenada, correção da acidez do solo via calagem, bem como a de fósforo.

A adubação do guaranazeiro inicia-se no plantio, fato primordial para que, quando adulta, a planta possa exprimir todo seu potencial produtivo.

Fonte: DE ARRUDA, Murilo Rodrigues et al. Adubação do guaranazeiro: fontes, doses, época de adubação e localização dos fertilizantes. Embrapa Amazônia Ocidental, 2005.

Foto: Adailton Matos

Gessagem

A aplicação de gesso agrícola é uma prática que vem sendo muito utilizada pelos agricultores. O uso do gesso traz algumas vantagens, como: fornecimento de cálcio e enxofre; favorece o desenvolvimento do sistema radicular no sentido vertical, isso faz com que a planta explore uma porção maior de solo; melhora a absorção de água e nutrientes pelas raízes mais profundas, levando a planta a ser mais resistente a veranicos. Estudo da Embrapa mostrou que a aplicação do gesso agrícola associado com a aplicação de calcário, aumentou a produção de guaraná. Em quanto uso apenas do calcário, não houve aumento da produção.

Exigência de nutrientes

Um dos meios de se conseguir o aumento da produtividade da cultura será através da nutrição mineral. As referências existentes sobre a nutrição do guaranazeiro são mínimas, inexistindo dados a respeito da extração e exportação de nutrientes pela cultura. Estes dados podem dar uma ideia das necessidades de macronutrientes do guaranazeiro e servirem de base para posteriores recomendações de adubação da cultura. Em função da deficiência de dados sobre a extração e exportação de macronutrientes pelo guaranazeiro, foi realizado o presente trabalho, com os seguintes objetivos:

Determinar a extração de macronutrientes pela produção total de frutos de guaraná, em condições atuais de cultivo no município de Maués - AM.

Determinar as quantidades de macronutrientes exportados pela produção, em idênticas condições.

Foram analisados frutos de guaraná (Paullinia cupana var. sorbilis) provenientes de três propriedades do município de Maués - AM, objetivando determinar as quantidades de macronutrientes extraídas e exportadas pelos frutos de guaraná. Constituiu-se 4 amostras compostas de frutos, representando dois locais adubados e dois locais não adubados, nas três propriedades escolhidas. Constatou-se maior exigência pelo N e pelo K. Para cada produção de 100 kg de frutos (matéria seca), são aproximadamente 2,71 kg de N; 0,18 kg de P; 0,95 kg de K; 0,10 kg de Ca; 0,13 kg de Mg e 0,10 kg de S. o N e o P, são elementos mais exportados pela produção, ambos apresentando o índice de 72% de exportação, seguidos pelo S (60%), Mg (46%), K (44%) e Ca (40%).

A devolução da polpa dos frutos ao guaranazal é recomendado, devido ao seu conteúdo de macronutrientes.

Fonte: CASTRO, Antonio Maria G. de; SARRUGE, José Renato; RIBEIRO, Orlando Campelo. Extração e exportação de macronutrientes por frutos de guaraná (Paullinia cupana var. sorbilis) no município de Maués-AM. An. Esc. Super. Agric. Luiz de Queiroz, p. 609-614, 1975.

Foto: Adailton Matos

Doses fertilizantes

As quantidades, fontes e épocas de aplicação de fertilizantes para o guaranazeiro no Amazonas encontram-se na Tabela 3. Na Tabela 4, encontra-se sugestão de fontes e suas respectivas quantidades de nutrientes para adubação do guaranazeiro. Nos primeiros 12 meses após o plantio, os adubos devem ser colocados ao redor e a 15 cm do colo da planta, em cobertura. Do segundo ao terceiro ano, a localização do fertilizante deverá ser disposta a partir de 20 cm do coleto, também de forma circular, numa faixa de 30 cm de largura. Do quarto ano em diante, a adubação será distribuída ao redor de toda a planta, a uma distância mínima de 50 cm do colo da planta, espalhando-o até o limite da projeção da copa.

Fonte: PEREIRA, José CR. Cultura do guaranazeiro no Amazonas. Embrapa Amazônia Ocidental-Sistema de Produção (INFOTECA-E), 2005.

Foto: Embrapa

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